sábado, 29 de setembro de 2012

Um país com nome de árvore


O Brasil é o único país do mundo batizado em função de uma árvore e parece incrível, mas a árvore que deu nome ao nosso país só foi reconhecida como Árvore Nacional cinco séculos após o descobrimento.
A lei 6.607, de 7 de dezembro de 1978 obriga, também, o Ministério da Agricultura a plantar viveiros da espécie. Após séculos de exploração desenfreada, o Pau-Brasil é tão raro que maioria dos brasileiros nunca o viu.
O Pau-Brasil pode chegar a 30m de altura, tem folhas miúdas e verde-brilhantes que nascem agrupadas. Sua época de florada ocorre do fim de setembro até meados de outubro e suas flores, formadas por quatro pétalas amarelo-ouro que rodeiam uma diferente, tingida de vermelho púrpura, emanam um perfume delicado. Seu fruto é uma vagem que libera sementes em forma de elipse. O tronco é espinhoso e a casca varia de pardo-rosada a pardo-acinzentada. A árvore tem uma vida longa e só chega à idade adulta aos 100 anos.
o Brasil apresenta uma das floras mais ricas do mundo, com muitas árvores belas e valiosas. Perobas, cerejeiras, mognos, imbúias, cedros e jacarandás, entre outras, são alguns exemplos de árvores com madeira de boa qualidade para uso nobre, isto é, para a fabricação de móveis finos. De fato, os colonizadores portugueses chamaram sua colônia de Brasil em referência à estranha árvore de miolo cor de brasa (daí o nome pau-brasil) encontrada por aqui. Já os indígenas a denominavam Pindorama que, no idioma tupi, quer dizer "terra das palmeiras", plantas que embora pertençam a outro grupo botânico, têm o porte de árvore.
Afirmam alguns historiadores que o corte do pau-brasil para a obtenção de sua madeira e sua resina (extraída para uso como tintura em manufaturas de tecidos de alto luxo) foi a primeira atividade econômica dos colonos portugueses na recém-descoberta Terra de Santa Cruz, no século XVI e que a abundância desta árvore no meio a imensidão das florestas inexploráveis teria conferido à colônia o nome de Brasil.
Na realidade, no século XV uma árvore asiática semelhante, com o mesmo nome Brazil, já era usada para os mesmos fins e tinha alto valor na Europa, porém era escassa. Os navegadores portugueses que aqui aportaram imediatamente observaram a abundância da árvore pelo litoral e ao longo dos rios de planície. Em poucos anos, tornou-se alvo de muito lucrativo comércio e contrabando, inclusive com corsários franceses atacando navios portugueses.
A resina vermelha era utilizada pela indústria têxtil europeia como uma alternativa aos corantes de origem terrosa e conferia aos tecidos uma cor de qualidade superior. Isto, aliado ao aproveitamento da madeira vermelha na marcenaria, criou uma demanda enorme no mercado, o que forçou uma rápida e devastadora "caça" ao pau-brasil nas matas brasileiras. Em pouco menos de um século, já não havia mais árvores suficientes para suprir a demanda, e a atividade econômica foi deixada de lado, embora espécimens continuassem a ser abatidos ocasionalmente para a utilização da madeira (até os dias de hoje, usada na confecção de arcos paraviolino e móveis finos).
O fim da caça ao pau-brasil não livrou a espécie do perigo de extinção. As atividades econômicas subsequentes, como o cultivo dacana-de-açúcar e do café, além do crescimento populacional, estiveram aliadas ao desmatamento da faixa litorânea, o que restringiu drasticamente o habitat natural desta espécie. Mas sob o comando do Imperador Dom Pedro II, vastas áreas de Mata Atlântica, principalmente no estado do Rio de Janeiro, foram recuperadas, e iniciou-se uma certa conscientização preservacionista que freou o desmatamento. Entretanto, já se considerava o pau-brasil como uma árvore praticamente extinta.
No século XX, a sociedade brasileira descobriu o pau-brasil como um símbolo do país em perigo de extinção, e algumas iniciativas foram feitas no sentido de reproduzir a planta a partir de sementes e utilizá-la em projetos de recuperação florestal, com algum sucesso. Atualmente, o pau-brasil tornou-se uma árvore popularmente usada como ornamental. Se seu habitat natural será devastado por completo no futuro, não se sabe, mas a sobrevivência da espécie parece assegurada nos jardins das casas e canteiros urbanos.
A madeira do pau-brasil pode ser, talvez, a mais valiosa do mundo atualmente; é considerada incorruptível, por não apodrecer e não ser atacada por insetos. Seu uso, dadas a escassez e a proteção, restringe-se ao fabrico de arcos de violinos, canetas e joias.

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