O
Brasil é o único país do mundo batizado em função de uma árvore
e parece incrível, mas a árvore que deu nome ao nosso país só foi
reconhecida como Árvore Nacional cinco séculos após o
descobrimento.
A
lei 6.607, de 7 de dezembro de 1978 obriga, também, o Ministério da
Agricultura a plantar viveiros da espécie. Após séculos de
exploração desenfreada, o Pau-Brasil é tão raro que maioria dos
brasileiros nunca o viu.
O
Pau-Brasil pode chegar a 30m de altura, tem folhas miúdas e
verde-brilhantes que nascem agrupadas. Sua época de florada ocorre
do fim de setembro até meados de outubro e suas flores, formadas por
quatro pétalas amarelo-ouro que rodeiam uma diferente, tingida de
vermelho púrpura, emanam um perfume delicado. Seu fruto é uma vagem
que libera sementes em forma de elipse. O tronco é espinhoso e a
casca varia de pardo-rosada a pardo-acinzentada. A árvore tem uma
vida longa e só chega à idade adulta aos 100 anos.
o
Brasil apresenta uma das floras mais ricas do mundo, com muitas
árvores belas e valiosas. Perobas, cerejeiras, mognos, imbúias,
cedros e jacarandás, entre outras, são alguns exemplos de árvores
com madeira de boa qualidade para uso nobre, isto é, para a
fabricação de móveis finos. De fato, os colonizadores portugueses
chamaram sua colônia de Brasil em referência à estranha árvore de
miolo cor de brasa (daí o nome pau-brasil)
encontrada por aqui. Já os indígenas a denominavam Pindorama que,
no idioma tupi, quer dizer "terra das palmeiras", plantas
que embora pertençam a outro grupo botânico, têm o porte de
árvore.
Afirmam
alguns historiadores que o corte do pau-brasil para a obtenção de
sua madeira e sua resina (extraída para uso como tintura em
manufaturas de tecidos de alto luxo) foi a primeira atividade
econômica dos
colonos portugueses na
recém-descoberta Terra
de Santa Cruz,
no século
XVI e
que a abundância desta árvore no meio a imensidão das florestas
inexploráveis teria conferido à colônia o nome de Brasil.
Na
realidade, no século XV uma árvore asiática semelhante, com o
mesmo nome Brazil, já era usada para os mesmos fins e tinha alto
valor na Europa, porém era escassa. Os navegadores portugueses que
aqui aportaram imediatamente observaram a abundância da árvore pelo
litoral e ao longo dos rios de planície. Em poucos anos, tornou-se
alvo de muito lucrativo comércio e contrabando, inclusive com
corsários franceses atacando navios portugueses.
A
resina vermelha era utilizada pela indústria têxtil europeia
como uma alternativa aos corantes de origem terrosa e
conferia aos tecidos uma cor de qualidade superior. Isto, aliado ao
aproveitamento da madeira vermelha na marcenaria,
criou uma demanda enorme no mercado, o que forçou uma rápida e
devastadora "caça" ao pau-brasil nas matas brasileiras. Em
pouco menos de um século, já não havia mais árvores suficientes
para suprir a demanda, e a atividade econômica foi deixada de lado,
embora espécimens continuassem a ser abatidos ocasionalmente para a
utilização da madeira (até os dias de hoje, usada na confecção
de arcos paraviolino e
móveis finos).
O
fim da caça ao pau-brasil não livrou a espécie do perigo
de extinção.
As atividades econômicas subsequentes, como o cultivo
dacana-de-açúcar e
do café,
além do crescimento populacional, estiveram aliadas ao desmatamento
da faixa litorânea, o que restringiu drasticamente o habitat natural
desta espécie. Mas sob o comando do Imperador Dom
Pedro II,
vastas áreas de Mata
Atlântica,
principalmente no estado do Rio de Janeiro, foram recuperadas, e
iniciou-se uma certa conscientização preservacionista que freou o
desmatamento. Entretanto, já se considerava o pau-brasil como uma
árvore praticamente extinta.
No século
XX,
a sociedade brasileira descobriu o pau-brasil como um símbolo do
país em perigo de extinção, e algumas iniciativas foram feitas no
sentido de reproduzir a planta a partir de sementes e utilizá-la em
projetos de recuperação florestal, com algum sucesso. Atualmente, o
pau-brasil tornou-se uma árvore popularmente usada como ornamental.
Se seu habitat natural será devastado por completo no futuro, não
se sabe, mas a sobrevivência da espécie parece assegurada nos
jardins das casas e canteiros urbanos.
A
madeira do pau-brasil pode ser, talvez, a mais valiosa do mundo
atualmente; é considerada incorruptível, por não apodrecer e não
ser atacada por insetos. Seu uso, dadas a escassez e a proteção,
restringe-se ao fabrico de arcos de violinos, canetas e joias.
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